sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

BACK TO BASICS

Agora é só aguardar 2008, matando saudade, revendo mar, mãe, memória. Salvador é hoje uma foto, uma idéia, um pensamento. O verdadeiro lar fica longe, a raiz replantada. A árvore mais forte, mais viva, mais frutífera. Realização encontrada há 1500km de distância. Mas Salvador fica, como uma idéia de amor e de ódio, de origem e começo, de meio para um fim. Retorno temporário e ideal. Como deve ser. O resto é caminhada. 2007 foi, em resumo, um ano de reinvenção e (r)evolução. Por isso, ele passa. Mas fica. Feliz ano novo.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

UM POUCO MAIS DE WOODY ALLEN

"Desde pequeno eu já gostava das mulheres erradas; quando fomos ver a ´Branca de Neve´, todos se apaixonaram pela Branca de Neve, eu imediatmente pela bruxa malvada."
* * *
"Minha vida amorosa é péssima. A última vez que estive dentro de uma mulher foi quando visitei a Estátua da Liberdade."
* * *
"Eu não quero alcançar a imortalidade através do meu trabalho. Quero alcançá-la não morrendo."
* * *
"Eu tomei um destes cursos de leitura dinâmica e li ´Guerra e Paz´ em 20 minutos. É sobre a Rússia."
* * *
"E se tudo for uma ilusão e nada existe? Neste caso, definitivamente, eu paguei muito caro pelo meu carpete."
* * *
"DORIS: Você não tem nenhum valor. Sua vida inteira resume-se em niilismo, cinismo, sarcasmo e orgasmo.
HARRY: Sabe, na França eu poderia concorrer uma campanha com esse slogan e vencer."
(Desconstruindo Harry)

"AND I MEAN TONIGHT, MOTHERFUCKER!"


Grita a Kirstie Alley, para expulsar de casa a sua porcaria de "projeto de marido", adúltero, insensível, cínico e egoísta (vivido por Woody Allen), quando descobre que ele estava tendo um caso com sua paciente, ao final de uma das cenas mais absurdas, surreais e engraçadas do cinema na minha opinião. O filme em questão é "Desconstruindo Harry" (Deconstructing Harry/1997), a mais auto-biográfica, auto-analítica, reflexiva e "boca-suja", das histórias de Woody Allen. Trata-se de um confuso emaranhado de personagens, histórias loucas e inimagináveis, no qual vida e ficção se misturam, onde o autor/ator/diretor não faz nenhuma cerimônia em desfilar as suas neuroses, patologias e fobias ao expor um personagem que é o seu reflexo no espelho. Infiel, neurótico, deprimido, cínico, sarcástico, ateu, Harry Block é um escritor com bloqueio criativo. Após sofrer uma tentativa de homicídio por parte da sua ex-amante (irmã da sua ex-mulher), a quem ele largou (ambas) para ficar com uma terceira, Harry entra em colapso existencial (sua ex-namorada o havia largado para ficar com seu melhor amigo). Sem ninguém no mundo e aparentemente odiado por todas as mulheres de Manhattan, ele encontra em Cookie Williams, uma prostituta negra em micro-roupas rosa shocking, a sua pedra de salvação, com quem vai a uma homenagem na sua antiga universidade (para receber uma honra ao mérito). No caminho, encontra um amigo a beira de um infarte (que acaba morrendo no trajeto) e o seu filho, por ele seqüestrado na porta da escola (já que sua outra ex-mulher - a psicanalista vivida por Kirstie Alley - não o deixa vê-lo). Durante a jornada, sua mente é povoada por personagens, idéias e fantasmas que, numa espécie de visita ao Ebenezer Scrooge, conduzem Harry à constatação de seu papel como o "pior homem do mundo". Ou pelo menos o "quarto pior", já que "Hitler, Göring e Goebbels" vêm antes dele. Na descontrução do filme, há uma construção surreal de idéias que contam histórias sobre a morte, uma prostituta tailandesa, um homem literalmente fora de foco, o diabo no inferno, uma mulher tão "profissionalmente judia" que chega a agradecer em preces antes de fazer sexo oral e uma velhinha judia que descobre que o seu marido de 30 anos de casamento havia matado a ex-mulher, amantes e filhos com um machado... e os comido. Eis a louca e genial construção desconstruída de Woody Allen: a mais inspirada de suas comédias. O resumo desta ópera é que sua vida está uma bagunça e ele não tem idéia como reverter esse quadro a não ser com uma epifania para uma "história": um homem que não sabe funcionar na vida, apenas na arte. E, neste aspecto, "Desconstruindo Harry" é um primor: arte tragicômica na sua essência mais inquestionável. Ou simplesmente "hilário", nas suscintas palavras da Rolling Stone.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

COLESONHAR


Sonho, mente, alma, espírito. Um emaranhado de pensamentos e idéias, conexões desconexas de reflexões com e sem fundamento; com e sem propósito. O princípio da angústia, como eu a entendo, é a incapacidade de dialogar com a nossa própria cama-de-gato psiquica, que elaboramos meio intencionalmente, meio espontaneamente e da qual não conseguimos escapar com muita facilidade. Quando menos percebemos, um pensamento conduz a outro, que conduz a outro, que conduz a outro. E, afinal, erguemos um muro em volta de nós mesmos. Fechado, sem porta nem janelas. Sufocante claustrofobia na prisão que montamos ao redor de nós mesmos. E ficamos sem saber como nos libertar. Escalar, pular, arrebentar os tijolos, nunca é um processo fácil. Há sempre alguma dor, alguma marca, alguma perda decorrente do esclarecimento. Compreender a origem da angústia é constatar uma realidade - boa ou ruim - que nos permite fugir de dentro do muro, do aprisionamento. Nessa luta contra o inimigo invisível, perde-se a fome, o sono, o humor. Mas é tudo perdoável. Vale tudo na guerra. Mas e o ônus deste exercício tão árduo? Podemos emular a felicidade, como se fosse um narcótico, ao ponto de a sentirmos plenamente. Mas é como se, passada a euforia, ficássemos sem um alento imediato, no abrupto retorno à realidade. Voar e cair. Não sei. Idéias desconexas, anotações mentais, reflexões, auto-análise. A pele deve ficar mais fina nesta época do ano, com as festas e todos os ritos de passagem que elaboramos. E, como num sonho, viajamos por algumas horas à inocência infantil, à Terra do Nunca, de simplicidade pura e alegrias palpáveis, despida de preocupações, mas quando menos percebemos, estamos de volta. O encontro com a realidade, o dia que amanhece sem uma festa à tarde. Encarar os fatos, sermos adultos, pagarmos contas, irmos ao trabalho, seguirmos em frente. Flertamos perigosamente com o sonho e talvez esteja aí o nosso entendimento sobre a felicidade. Não que ela seja falsa ou irreal. Pelo contrário. Ela é bem real, genuína, confortante. É o trânsito, entre as realidades, que confunde e angustia. Por isso colecionamos tanto. Aglomeramos tanto, juntamos tanta coisa, tanta "tralha", em nossos armários mentais, reais e virtuais. São nossas cápsulas constantes, ao alcance da mão e dos olhos, a pílula vermelha para o maravilhoso mundo de Alice, o passaporte para um mundo onde as alegrias superam os medos. Colecionamos para mantermos o sonho "ON". Colesonhamos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A EXPEDIÇÃO


23 de Dezembro de 2007. Domingo. O dia havia amanhecido como outro qualquer. Mas, de algum modo, pressentíamos que não seria um dia como outro. Desejávamos alguma coisa. Nossos corpos, ainda dormentes, desejavam caminhar. Do conforto nos nossos lençóis, observamos a janela ensolarada que nos convidava a buscarmos alguma coisa. Saimos em expedição, com poucos preparativos e objetivos não muito definidos. Procurávamos algo, sem saber o quê exatamente. Algo. Algo nos havia tirado de casa para que nos lançássemos na aventura do dia. Sabíamos que havia alguns pontos a serem seguidos no percurso que desenhávamos juntos, ainda que aleatoriamente, lugares a serem visitados, uma vastidão a ser explorada a pé. Sem querer planejar, deixamos que o trajeto nos guiasse, como se vivo. E seguimos em frente, rumos ainda pouco definidos: um lugar a ser atingido, artefatos a serem encontrados. Era o que sabíamos sobre "A Expedição". No caminho, após observações mentais e comentários sobre o percurso, compramos água e comida. Seguimos em frente. Longo trajeto. Mas ainda não entendíamos exatamente o motivo concreto da expedição. Sabíamos que deveríamos seguir, sem voltar. Sempre em frente. Então fomos entendendo mais claramente o que deveríamos fazer. Enfrentamos uma turba convulsiva, procuramos espadas, mantivemos a calma. Havíamos chegado ao destino e recuperado os artefatos. Após horas em caminhada indefinida, tudo havia ficado claro. Então, com a simplicidade que nos pôs em marcha, caminhamos de volta. Estávamos felizes. A Expedição fora um sucesso.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

DITADURA QUESTIONADA


Como muita gente, aí fora, eu estou exausto da ditadura da beleza imposta pelo cinema, os novos valores culturais, a idéia de que todos precisam ter corpos perfeitos e cabelos de propaganda de shampoo. O que fugir a regra é um crime sem perdão. Li esse texto, abaixo, recentemente. Não sei de quem é, mas achei imensamente libertador. Uma maioria massiva está sendo oprimida dia após dia pelos valores razos de uma minoria de pessoas de plástico, com mentalidade de plástico, para a qual só a estética vale. Pessoas que vivem vidas de plástico estão no comando. E ninguém vai fazer nada?! Uma ditadura patética que todos nós, por alguma razão, achamos que devemos nos submeter. Quem disse? Se "a beleza está nos olhos de quem vê", é uma burrice sem tamanho nos permitirmos sucumbir à tristeza de "não pertencer". Essas "regras" me tiram do sério. O culto ao corpo, à saúde, é válido, grego, essencial. Mas transformar isso numa sesseção é outra história. Vivemos numa sociedade segregada pelas idéias estabelecidas, e inquestionáveis, de "beleza" e "feiura". A humanidade enlouqueceu. E, enquanto esses valores permanecerem rígidos, mantenho o meu pensamento igualmente engessado: F....-SE.
* * *
"Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração? Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação. Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem. Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso. A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem? A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não. Pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa. Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada. Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar correr, viver muito, ter uma aparência legal mas... Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Que o amor sobreviva."

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

DARK KNIGHT


Eu também não vejo a hora de estreiar "Batman: The Dark Knight"...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

ZUMBIS: POR QUE NÓS AMAMOS ODIÁ-LOS?


Eles são trash, nojentos, mestres em sustos, feios, fedorentos, decrépitos, com roupas rasgadas e com manchas suspeitíssimas de sangue, sujeira e... bom, fluidos. Eles se arrastam de forma esquisita enquanto soltam grunhidos assustadores. E quando aparecem é melhor correr. No fim das contas, eles são CULT. MUITO cult. Por que diabos nós os amamos? Bem, não os amamos, propriamente. Amamos odiá-los. Os zumbis, sei lá de que forma, conseguiram se desprender da categoria terror simples e banal para um patamar meio "pop" que faz com exista hoje em dia uma baita indústria sobre eles. São diversos filmes - MUITO LEGAIS, por sinal - como "Madrugada dos Mortos" e games como a milionária franquia "Resident Evil", que nos oferecem horas e horas de puro (e brutal) entretenimento com centenas de zumbis se arrastando em cidades pós-apocalípticas, enquanto meia dúzia de heróis ensangüentados estouram suas cabeças com armas, bombas e facões e o que mais encontram pela frente. E achamos o máximo isso. Talvez seja uma descarga da nossa raiva animal, sei lá, a vontade de descer o pau nas pessoas que nos tiram do sério (mas não podemos). É crime. É pecado. É errado. Mas os zumbis deixaram de ser "gente" então, what the hell, bala neles! É meio que uma libertação da nossa primitividade, penso. Encher zumbis de bala sem piedade nem misericórdia, quem se importa? Ainda por cima eles sequer sentem dor! É uma combinação perfeita entre a vontade ocidental de matar e alvos móveis que não dão culpa de serem abatidos. Não queremos ver violência contra animais (a não ser aqueles bem assustadores, que matam e comem todo mundo desenfreadamente), nem mesmo contra outros seres-humanos (salvo em filmes de guerra por que, afinal, é a temática). Então os pobre coitados dos zumbis descobriram um rico nicho em nossos cérebros onde podem reinar sozinhos, ou melhor, em centenas (nunca há um zumbi, apenas; eles sempre vem aos milhares). E continuam sua marcha incansável, enquanto nós, os sobreviventes, vamos os explodindo em pedaços. Felizes para sempre.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

WHITE CHRISTMAS


Chamem-me de bobo. Eu não me importo. Estou como esse beagle natalino, esperando sentado, a chegada do Natal. Ainda que não seja um Natal com neve, fica a contagem regressiva para carinhos, beijinhos, presentes e muitas comidinhas. Voltar a ser criança por alguns breves instantes. Algo que não tem preço e que vale à pena esperar, todos os anos.

O CASTELO NA FLORESTA


Na interminável lista de filmes e livros que ando acumulando com este final de ano (e a chegada das "festas" - e dos presentes - afinal, somos uma sociedade de consumo), um romance em especial atraiu a minha atenção: "O castelo na floresta" (The Castle in the Forest), do polêmico Norman Mailer. Pelo pouco que sei de sinopses espalhadas pela internet, a história conta a infância/adolescência de Adolf Hitler, narrada por um oficial da S.S. chamado "Dieter", que mais adiante descobrimos ser um demônio de segundo escalão a serviço do próprio Lucifer. Ao descrever uma família corrompida por relações incestuosas, o narrador conduz a sombria trama ao enquadrar o jovem "Adi", concebido pelo próprio diabo, como a semente do mal na terra, um "anti-cristo" por assim dizer. Sounds tough. Para o controverso Mailer, se Deus enviou Jesus aos homens para semear o bem e a luz, então o seu maior antagonista, o diabo, no texto chamado como "O Maestro", poderia também ter plantado o seu próprio emissário do mal e das trevas, num projeto de condução da humanidade ao caos. E Hitler chegou muito perto disso, na sua marcha pela conquista do mundo. Ele foi um personagem indiscutivelmente nefasto para sustentar a premissa, nesta ficção, de ser o filho legítimo da escuridão. Talvez não haja, na história, outro homem que tenha construído sobre si tamanha carga de destruição e perversidade como Adolf Hitler. É aguardar para ver. Das duas uma: uma pirâmide de clichês esotéricos sem fim ou um soco na barriga de fazer cair o queixo. Categorias em que Norman Mailer é um mestre.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

IN THE ARMS OF THE ANGEL


ANGEL

(Sarah Mclachlan)


Spend all your time waiting
For that second chance
For a break that would make it okay
There’s always some reason
To feel not good enough
And it’s hard at the end of the day
I need some distraction
Oh beautiful release
Memories seep from my veins
Let me be empty
Oh weightless and maybe
I’ll find some peace tonight
In the arms of an angel
Fly away from here
From this dark cold hotel room
And the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
Of your silent reverie
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort here
So tired of the straight line
And everywhere you turn
There’s vultures and thieves at your back
The storm keeps on twisting
You keep on building the lies
That you make up for all that you lack
It don’t make no difference
Escaping one last time
It’s easier to believe in this sweet madness
Oh this glorious sadness that brings me to my knees
In the arms of an angel
Fly away from here
From this dark cold hotel room
And the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
Of your silent reverie
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort there
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort here

IONE, DEAD THE LONG YEARS


IONE, DEAD THE LONG YEARS
(Ezra Pound)

"Empty are the ways,
Empty are the ways of this land
And the flowers
Bend over with heavy heads.
They bend in vain.
Empty are the ways of this land
Where Ione
Walked once, and now does not walk
But seems like a person just gone."

LAMENT OF THE FRONTIER GUARD


LAMENT OF THE FRONTIER GUARD
(Ezra Pound)

"By the North Gate, the wind blows full of sand,
Lonely from the beginning of time until now!
Trees fall, the grass goes yellow with autumn.
I climb the towers and towers
to watch out the barbarous land:
Desolate castle, the sky, the wide desert.
There is no wall left to this village.
Bones white with a thousand frosts,
High heaps, covered with trees and grass;
Who brought this to pass?
Who has brought the flaming imperial anger?
Who has brought the army with drums and with kettle-drums?
Barbarous kings.
A gracious spring, turned to blood-ravenous autumn,
A turmoil of wars - men, spread over the middle kingdom,
Three hundred and sixty thousand,
And sorrow, sorrow like rain.
Sorrow to go, and sorrow, sorrow returning,
Desolate, desolate fields,
And no children of warfare upon them,
No longer the men for offence and defence.
Ah, how shall you know the dreary sorrow at the North Gate,
With Rihaku's name forgotten,
And we guardsmen fed to the tigers."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

THE ROYAL COURT OF SOUND

THE KING - Frank Sinatra

THE QUEEN - Ella Fitzgerald
THE GHOST - Wolfgang Amadeus Mozart

THE PRINCE - John Mayer

THE PRINCESS - Norah Jones

THE KNIGHTS - Os Beatles

THE FOOL - David Bowie

THE PRIESTESS - Sarah Mclachlan

THE WIZARD - Nat King Cole

O QUE DIRIA NIETZSCHE?


"Quando Nietzsche chorou" é um comovente romance sobre o encontro (fictício) entre o dr. Breuer (mentor de Sigmund Freud, pai da psicanálise) e o filósofo Friedrich Nietzsche. Em função de enxaquecas terríveis e a súplica sedutora de Lou Salomé, o encontro é viabilizado (com resistência de ambas as partes). Mas, com o tempo, ambos se descobrem (e a si mesmos) numa série de diálogos filosóficos que parecem brindar, antecipadamente, o nascimento da Psicanálise. Ao final, diante da constatação do medo da sua solidão, o filósofo alemão irrompe em lágrimas sinceras e aliviadas. Nietzsche chora em um comovente momento de percepção da sua fragilidade. Não queria morrer sozinho.

Uma história bela e tocante, com apaixonante mistura de assuntos tão ricos. O filme, que teria tudo para se tornar perfeito, desmorona numa série - incessante - de equívocos. A produção é pobre (cenários, objetos e figurinos dão a impressão de um filme feito "com o que se tinha em casa"), a imagem é muito iluminada, limpa, "digital demais" (como um filme feito para TV), a direção é criminosamente medíocre (planos banais, cenas sem planejamento, com ar de amadorismo constante), parece não haver direção de fotografia (salvo em raros momentos), efeitos especiais toscos, pouca técnica, pouca arte, pouco lirismo, os diálogos se perdem e se fragmentam em atuações banais, a trilha sonora é negligenciada e nem o elenco se salva. O ator que faz Breuer (Ben Cross) é competente, mas não mais. Katheryn Winnick traz à tela uma Lou Salomé vulgar e sensual (não é assim no livro) e Jamie Elman, como o Dr. Freud, é apagado (uma pena). A única coisa iluminada e em ordem do filme é o maravilhoso Armand Assante, como o próprio Nietzsche. Ele personifica o filósofo alemão magistralmente. Suas palavras têm peso, sua loucura convence, suas lágrimas comovem. ELE, sem dúvidas, é o Nietzsche que queríamos ver na tela: uma muralha intransponível que desmorona em lágrimas verdadeiras. Mas apenas ele se salva. O que, infelizmente, não é suficiente. Lamentável, lamentável. Gostei do filme, parece contraditório dizer. E é. Por que amo Nietzsche e queria, como um capricho pessoal, vê-lo chorar na tela. Então gosto do filme. Mas queria ver outro (o que vi em minha mente, enquanto li o livro). Um filme lento, melancólico, frio, comovente, em torpor, em câmera lenta, como deveria ser esse encontro perfeito de tão belas mentes. Um quadro, uma obra de arte, em movimento vagaroso e elegante, em preto, cinza e cáqui. Assim deveria ter sido o filme "Quando Nietzsche chorou". Um dia, quem sabe.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

"À LA RECHERCHE DU TEMPS PERDU"

"Mantenha-se simples, bom, puro, sério, livre de afetação, amigo da justiça, temente aos deuses, gentil, apaixonado, vigoroso em todas as suas atitudes. Lute para viver como a filosofia gostaria que vivesse. Reverencie os deuses e ajude os homens. A vida é curta". (Marco Aurélio)
* * *
Minha mãe define o 5 de dezembro, como "o dia que mudou tudo". E imagino que seja assim mesmo. Ela recorda, com carinho "o céu azulíssimo, o mar verde de uma transparência e beleza quase insuportável; o dia mais perfeito de sol, sem nuvens, um quarto de hospital abarrotado de flores e champagne e eu, a criança mais desejada de todas". Ela gosta de lembrar a carta que recebeu um dia, de minha mulher no dia do meu aniversário, e como isso a comoveu. Viver é lembrar.
* * *
Planejar para os próximos quase-trinta-anos. Sem medo, sem crise. Sem deixar de continuar "em busca do tempo perdido" que, no fim das contas, nunca é perdido, é sempre ganho. Seguir em frente, chaising rainbows. No exato dia em que nasceram Walt Disney e o Ursinho Knut, há que se olhar pela janela - mesmo chuvosa - um dia de alegrias múltiplas e esperanças renovadas. Sonhar acordado e rir do que ninguém ri (mais). Esse é o plano. Esquecer das calorias, abraçar quem se ama, sorrir e chorar se der vontade. Celebrar a vida pelo que ela é, uma explosão de cores e sensações. Por que esse é o plano. Continuar a busca pela música, o cinema e a literatura. Os jogos, a sós ou em companhia. O amor romântico, carnal, passional, de qualquer hora, de todas as horas. Será sempre esse o plano. Não temer tanto a doença ou o calor ou o azar. Atravessar o dia, a semana, o mês, o ano como quem escreve uma história, anotando os detalhes que passam pelo caminho. Continuar a apreciar o cheiro das flores. Enxergar a beleza dos detalhes. E para o topo dos bolos, de todos os anos, uma vela em formato de interrogação. O resto será sempre mera tecnicalidade. Por que está tudo bem. Estará tudo bem. Hoje, amanhã, sempre.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

"ENTÃO É NATAL..."


Está chegando o Natal. Não importa se o ano foi o melhor ou pior das nossas vidas. Natal é Natal. E não dá para negar o efeito que a data produz. Uma explosão gratuita de felicidade, que nos faz querer estar perto de quem amamos, comer tudo o que mais gostamos de comer e nos permitir os pequenos sonhos possíveis na forma de presentes que desejamos. É uma época doce, de pequenas extravagâncias, de celebrar o amor, de ficar grato e feliz por estar vivo. É preciso abrir o coração e se deixar contaminar, abraçar esse momento de oração, de reflexão sobre a capacidade de renovação e começarmos a nos preparar para um novo ano que em breve começará. Ah, não tem graça teorizar sobre algo tão genuinamente bom. Não importa se é mais uma convencionalidade da sociedade consumista (who cares?!). No Natal temos que ser como crianças: sorrir o tempo todo, ficarmos felizes com qualquer besteira, dar risada sem motivo, gastar dinheiro com quem amamos (e nós mesmos, claro!) e comer sem culpa nem contagem de calorias. É Natal. E só isso é que vale. É Natal.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

RATATOUILLE E O SONHO IMPOSSÍVEL


Defendo que é impossível não se apaixonar pela animação Disney-Pixar, "Ratatouille" (2007). O desenho é impecável e, como dizem, o mais realista feito até hoje. Mas, francamente, não me importa muito a tecnicalidade. A história é deliciosa. Um ratinho que sonha ser chef de cozinha em Paris. E consegue. A união harmoniosa de idéias tão opostas: um rato (sujeira) e a cozinha (limpeza). E, em nenhum momento, nós questionamos a legitimidade do sonho do pequenino Remy que, modestamente, admite que cozinha muito bem. O desenho comunica a alma de todos ali e, certamente, a do seu personagem principal. É impossível não sucumbir ao desejo de entrar na tela e abraçar esse ratinho esperto, carismático e aventureiro que não se deixa intimidar pela quase impossibilidade do que deseja fazer. Li que o desenho é um marco provável no cinema, a ponto de ser um possível indicado ao Oscar de melhor FILME e não de "ANIMAÇÃO". Merecidamente. Desenhos e histórias tão mágicas e delicadas como essa, sobretudo no mundo em que vivemos, só reforça a idéia de que temos muito a agradecer ao mago Walt Disney por, ele mesmo, ter acreditado no seu sonho impossível.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

WALL-E


Recentemente tomei conhecimento da próxima animação Disney-Pixar a ser lançada nos Estados Unidos (em princípio junho de 2008). Trata-se de WALL-E. Sou fascinado por animações (as clássicas da Disney e as animações modernas) e fiquei extremamente interessado nessa história. Pelo que contam as breves sinopses, no ano de 2700 a terra estará completamente coberta de lixo e entulho, negligenciada por seus habitantes. A humanidade (o que sobrou dela) parte para o espaço, deixando unidades de limpeza (robôs) para limpar e tornar o planeta menos tóxico. Enquanto esperam, a terra se torna um lugar vazio, solitário e silencioso, apenas habitado pelas pequeninas unidades "Wall-E" ("Waste Allocation Load Lifters - Earth") que atravessam os séculos com a tarefa de compactar e limpar, compactar e limpar até que o planeta volte a ser habitável. Com o tempo, uma a uma vão quebrando até que apenas uma sobra (a que dá título ao filme). A animação contará a trajetória solitária do pequeno robô Wall-E, que continua sua limpeza, sem cessar, enquanto olha para o céu na esperança de retorno dos homens à terra. Acompanhado por uma barata chamada "Spot" (bem que dizem que só elas sobreviverão), Wall-E vai colecionando objetos e lembranças dos homens. Um belo dia uma nave deixa na terra a unidade-robô "Eve", por quem o solitário robô irá se "apaixonar". Por fim, uma "história de amor", esperança e despedida, com mínimos diálogos e uma mais do que bem vinda reflexão sobre os rumos que estamos tomando no nosso planeta.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

VIAGEM À DARJEELING


Minha impressão sobre "Viagem à Darjeeling" (The Darjeeling Limited/2007) é dividida, um pouco confusa, não muito decidida, devo confessar. Aguardei ansiosamente pelo filme e fui ver já na estréia. Por fim, não atendeu às minhas expectativas (que tinha certeza que seriam superadas), tampouco me decepcionou. Acho que existe uma série de brilhantismos inegáveis e, por ser fã do trabalho do Wes Anderson, defendo que muito do filme merece ser celebrado. As câmeras lentas são belas e toda a idéia em torno do trem (o que é a grande metáfora do filme) é absolutamente genial. O filme já é "um trem andando" e cabe a nós embarcar ou não - o que certamente vai influenciar o quanto vamos apreciar (ou não) a história dos três irmãos na jornada existencialista pelo coração da Índia. A comovente cena com Adrien Brody chorando escondido no banheiro, após ler o conto do seu irmão, é encantadora. Uma outra questão crucial é a trilha sonora, muito fraca. Num filme como esses, a trilha exerce um papel fundamental, como quase coadjuvante, tocando as cenas, organizando as nossas emoções, marcando o compasso das seqüências. E nesse aspecto, o filme é extremamente falho, quase oco, o que faz com que muitas emoções se percam desnecessariamente (a seqüência dos funerais, por exemplo, com uma boa trilha teria sido inesquecível). No fim das contas, "Viagem à Darjeeling" é um filme de muitas coisas boas costuradas juntas, mas com falhas e buracos espalhados e perceptíveis, como uma colcha de retalhos costurada a 3 mãos (o que reflete o grande problema do filme: ter sido escrito por três pessoas). Por causa da multiplicidade de idéias, o filme perde um pouco a "essência do Wes Anderson", sempre "lost" e melancólico, com pitadas de humor e sátira. Existem idéias estrangeiras ali, que parecem comprometer a força do filme, sua identidade. Mas não é um trabalho perdido, longe disso. É uma jornada que merece ser tomada, seguida e aprecidada, que, como qualquer viagem, tem episódios que desejamos esquecer e lembranças que guardaremos para o resto da vida.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

APAIXONADOS INCOMPREENDIDOS

("O Vampiro", E. Munch)

O VAMPIRO (Baudelaire)

Tu que, como uma punhalada, entraste em meu coração triste; Tu que, forte como manada de demônios, louca surgiste, para no espírito humilhado encontrar o leito e o ascendente; Infame a que eu estou atado tal como o forçado à corrente, como ao baralho o jogador, como à garrafa o borrachão, como os vermes a podridão, maldita sejas, como for!Implorei ao punhal veloz que me concedesse a alforria, disse após ao veneno atroz que me amparasse a covardia. Ah! pobre! O veneno e o punhalisseram-me de ar zombeteiro: “Ninguém te livrará afinal de teu maldito cativeiro. Ah! imbecil - de teu retiro se te livrássemos um dia, teu beijo ressuscitaria o cadáver de teu vampiro!
* * *
Incompreendidos apaixonados são os vampiros. Desesperadamente apegados à "vida" ao ponto de a negligenciarem por completo em nome da eternidade. A eternidade possível, não importa a que custo. Românticos, solitários, filósofos, sábios, velhos, muito velhos. Atravessam o tempo, cronicando a existência humana, olhando de longe aquilo que não podem ter apesar de já em exceço desfrutarem. A relatividade da existência vazia e transbordante. O vampiro inveja o tempo, que não encerra e o homem, que sucumbe a uma curta passagem na terra. O limbo de partilhar dois mundos, os opostos, tudo e nada, sem experimentar nenhum plenamente. Melancólicos navegantes do tempo. Serão mito?

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

CÃES "PERDIDOS" (JUST FOR LAUGHS)

Cães podem ser a coisa mais "lost" deste mundo. As fotos (acima e abaixo), apesar das fantasias variadas, têm algo em comum: a deliciosa expressão dos "fantasiados" (que certamente não pediram para sê-lo). Todos parecem estar pensando a mesma coisa: "Are you kidding me?". Como não dar risada? Pausa para um sorriso. Totalmente terapêutico:

Super-homem


Scooby-doo (irônico)


Gambá


Darth Vader (o melhor de todos). Não dá para ficar mais engraçado que isso.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

STILL LIFE (?)


Definitivamente, não acredito que exista estagnação na vida - por mais que creiamos no contrário (até com motivos para isso). Do ponto de vista mais simplista (e óbvio) já estamos em movimento constante mesmo parados, mesmo dormindo, por que habitamos um planeta que gira em volta do sol e em volta de si mesmo, nossa nave espacial, flutuante, no universo sem fim. Não estamos parados. Ponto. Do ponto de vista mais subjetivo, podemos ter o otimismo diante daquilo que julgamos ruim e que "parece que nunca passará". Acreditar que as coisas melhoram, que tudo dá certo no final, apenas por querer acreditar. Do ponto de vista realista, basta observarmos, sem rigor, o nosso dia que acreditamos ser inerte, e vamos ter a reconfortante certeza de que, sim, não estamos estagnados, não estamos parados. Por que a cada novo segundo vivido somos outra pessoa e não estamos mais no mesmo lugar. As paisagens mudam com as horas e com elas as notícias, o aprendizado, a descoberta, as oportunidades. Viver é seguir uma trilha, não importa se estamos correndo ou imóveis, olhando para trás. Existir é encontrar um ritimo, como tudo na natureza; um equilíbrio. E, por fim, percebemos que não estamos bem caminhando numa estrada, mas subindo uma escada, degrau por degrau. Ok, algumas pessoas (por mérito ou sorte) conseguem subir mais rápido. Mas quem disse que temos um prazo, um tempo, para chegar a algum lugar? E, afinal de contas, que diabos é "chegar a algum lugar"? O lugar é nosso, só nosso, e só nós podemos saber onde ele está e o tempo que demora até chegar nele. O erro que cometemos, de certo modo como herança de pais e avós, é achar que existe um ritimo coletivo, como se todas as pessoas do mundo tivessem que dançar a mesma dança, com a mesma música, ao mesmo tempo. Como se a vida fosse um filme, monótono e repetitivo, nos dizendo que viver é abandonar etapas para abraçar outras, assumindo responsabilidades, ganhando dinheiro, criando filhos, até morrermos. Crescer, trabalhar, multiplicar e morrer. Francamente, eu acredito (quero acreditar) que não precisa ser assim. Quem inventou as regras? Melhor, quando nos puseram neste jogo, sem sequer sermos consultados? Saímos do útero para começar o "Jogo da Vida" e, quando menos percebemos, ele se transforma em "Banco Imobiliário" sob os nossos olhos. O caminho da felicidade possível é aquele que bem entendermos, ninguém precisa apontar, tampouco devemos nos sentir inferiores ou excluídos por seguirmos, por procurarmos, outras opções. O tempo é nosso, de cada um, para fazer dele o que quiser. Senhor e criado, na balança dos anos, precisamos enxergar que existimos para desempenhar a primeira opção. Não devemos nos culpar por não termos atingido (ainda) os degraus que outros já atingiram. Mas não devemos, com isso, nos acostumar com onde estamos pisando. Tudo é uma questão de tempo, coragem, fé, um pouco de sorte e vontade. O poder da vontade. É aí que nos superamos, onde nos separamos dos animais, onde somos mais humanos. Na vontade, na superação, na inteligência genuína que nos permite construir computadores e voar em foguetes à lua. A vida não é uma natureza parada, de quadro, de decisões e conseqüências imutáveis, imóveis. É um horizonte de possibilidades, de braços abertos, acolhendo calorosamente o nosso olhar de curiosidade. Seguir em frente, não importa onde, seguir em frente.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

KAVÁFIS E OS 300


TERMÓPILAS

(Konstantinos Kaváfis)


Honra se deve àqueles que na vida
Termópilas fixaram para guardar,
que do seu dever nunca se desviam
que nunca fogem ao que o dever dita
e justos são na ação e sempre retos,
mas nunca perdem pena e compaixão;
se ricos, generosos, e se pobres
ainda generosos com seu pouco.
Que acodem sempre a todos quantos podem;
e, que à verdade sempre são fiéis,
mas não guardam rancor aos que são falsos.
E honra ainda mais lhes é devida,
se já prevêem (são tantos os que o fazem),
que no fim há­‑de vir um Efiálte,
e os Persas no final hão­‑de passar.


* * *

Afinal, por coragem (ou loucura) extremas, fizeram-se uma parede contra a invasão persa. E fizeram História. Pequena nota à respeito de "300", baseado nos quadrinhos de Frank Miller: primoroso.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

COMO MÁGICA


É preciso manter sempre o coração aberto e a alma jovem para que possamos enxergar os objetos mágicos que nos conduzem a tempos perdidos. Esses objetos encantados, muitas vezes, estão em lugares impensados. Outras tantas vezes escondidos em "não-lugares" até. E encontrando, deve-se agarrá-los com determinação e levá-los consigo. Eles garantem viagens paralelas, de sonho acordado, no trem que há muito ficou para trás. Como mágica.

DOGS AND ANGELS


algo lindo, delicado e misterioso a respeito dos cães. Só quem os ama, verdadeiramente, entende a profundidade desta relação mágica que temos com esses encantadores animais que muito têm a nos ensinar sobre "sermos humanos". O final da leitura do livro "Marley & Eu" me trouxe risos e lágrimas. Não pelo lirismo, pela poesia, pela literatura. Mas pela pureza, a doçura, o amor verdadeiro, incondicional, ali descrito. É possível, é muito possível, amar um cachorro maluco, destruidor de objetos e mal-educado. Por que eles são mais do que isso. Eles são o fio que narra uma época em nossas vidas. Estão na terra para atravessar uma curta jornada que dura pouco mais de uma década e fazem de cada dia vivido a experiência apaixonada de nos esperar voltar, à noite. Nos despedirmos deles é uma tarefa impensável. É um pedaço que se desfaz, é o coração quebrado em mil pedaços. Dizer adeus ao cão que amamos é abandonar grande parte de nós mesmos em algum tempo perdido. Essa relação de amor, cumplicidade, fidelidade, é como se Deus nos permitisse comunicar com seus mais queridos anjos, enviados à Terra para nos fortificar a certeza que há um céu a ser vivido. Às vezes me pego observando um cachorro olhando para o alto. Eles não devem contemplar as estrelas à toa. Eles sentem saudade. E por isso tão cedo Deus os chama de volta. Por que é impossível viver longe deles.

SAUDADE


Para guardar, para não esquecer:
"Existe um fio de memórias, de delicada tessitura, que nos une; eu sei disso pois sou sua mãe".

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

"O ESTADO JARDIM"


Ainda estou tentando entender ONDE o filme "Garden State" (Hora de Voltar/2004) me pegou. Eu sei que me pegou, isso é certo; só estou tentando descobrir exatamente onde. É uma daquelas situações em que somos tocados por algo (ou empurrados, se for o caso; atropelados até) e demoramos em compreender o quê nos causou essa impressão. O filme é o trabalho de estréia de Zach Braff ("Scrubs") que, com muita sensibilidade (beirando brilhantismo), atua, escreve e dirige o filme (além de compilar a excelente trilha sonora). "Garden State" é como os americanos chamam o estado de Nova Jérsey, um lugar de retorno para o personagem principal, entrar em sintonia com seu passado, sua origem, seu pai, amigos. Uma pausa em sua vida sem sentido para ele compreender que viver plenamente é uma possibilidade (onde entra Natalie Portman, como a apaixonante Sam). É um filme delicado, flertando educadamente com a possibilidade de ser meio cult, meio indie, mas sem sonhar ser pretensioso, com cenas e momentos inusitados e tocantes. Uma "comédia dramática", como definem esse gênero tão especial de filmes. A vida, afinal, é absolutamente drama e comédia. A cena da piscina, em especial, é comovente. A reflexão inevitável sobre "onde está o nosso lar". Um filme que lembra infância, inocência, beijos roubados, aventuras anônimas, tardes com chuva. Uma história sobre tantas coisas que compõem a nossa vida, misturando descoberta, perdão, aprendizado e saudade numa tela colorida que ficamos por horas observando, sem saber se desejamos sorrir ou chorar. No fim das contas, uma pequenina história de amor, como uma fotografia querida, que guardamos para sempre dentro de um livro especial, para que ela nunca se perca e possamos encontrá-la um dia, acidentalmente, como a um tesouro. "Hora de Voltar" não é o filme mais genial de todos os tempos e, honestamente, tampouco quer sê-lo. Pode ficar na mesma prateleira de outros filmes emblemáticos, como "Sideways", "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", "Encontros e Desencontros" e, principalmente, "Elizabethtown". Com este último, o filme possui uma silenciosa cumplicidade. Ao final tive múltiplas sensações. Além da vontade de conversar um pouco com o próprio Zach Braff, quase consegui enxergar Andrew, Drew, Samantha e Claire, conversando por horas, em algum parque, pouco antes de o sol nascer, refletindo sobre que rumos a vida toma, por mais estranhos que possam parecer. Por fim, acho que compreendo onde o filme "Garden State" me atingiu em cheio: na percepção de que não devo tanto refletir sobre a vida. Apenas vivê-la.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O VÔO DE NIETZSCHE


"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o."


*


FRIEDRICH NIETZSCHE (1844/1900). O maior de todos. Para mim, pelo menos. Um estrangeiro na terra, incompreendido (quase incompreensível). Pensamentos espalhados como paredes de um labirinto perfeitamente equilibrado na construção das suas idéias vanguadistas. Egomaníaco justificado, sabia que havia nascido séculos antes do tempo, e escrevia para as gerações por vir. Considerava-se o próprio Zaratustra, que saia da caverna para constatar que ninguém entendia as palavras que pendiam da sua boca. Um homem que gritava com sua voz quase inaudível. E, por pouco, não resolveu calar-se, voltar para a caverna e desistir da humanidade. Enfermeiro voluntário, choca-se com a brutalidade humana na guerra franco-prussiana. Estava tudo errado, fora de lugar. Ele possuia um projeto - não um planejamento - mas um projeto: o homem, o Estado, a civilização. Ocupou-se em rasgar as doutrinas e arrancar as máscaras. Apontou o dedo para a decadência. Erroneamente associado ao fenômeno hitlerista, foi acusado de ser a base filosófica da ideologia nazista (em parte por culpa da sua irmã). Nietzsche não podia ser o "filósofo do nazismo" por que ele não pertencia a ninguém, à nada, mas à sua própria verdade. A quem ele era. Defendia o fim de toda a escravidão moral, social. Está além do bem e do mal, não importa quais preconceitos sejam atribuídos ao seu legado. Como um dogma, pregava a si mesmo a impossibilidade da sua felicidade, mas não a transparência da sua existência ao declarar, "não pretendo ser feliz, mas verdadeiro". E o foi. Talvez mais do que todos os outros, sem nenhum pudor em ofender, em balançar as estruturas da sociedade. Um entre tantos homens espetaculares, que surgem na terra como se deslocados de uma outra dimensão e, no curto episódio das suas vidas, deixam um legado que atravessa o tempo. Ao ironizar que não "permitimos ao nosso Deus pecar", foi categórico, enigmático e execrado ao afirmar que o próprio "Deus está morto". Sua obra jamais. Resumia-se, com lirismo, ao dizer: "Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar". Ele sabia voar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

PACIÊNCIA (OU A FALTA DELA)


"Eu não tenho paciência", penso às vezes. Haverá um problema comigo ou o mundo (entenda-se as pessoas) ficaram mais intoleráveis? É impressão minha ou as pessoas realmente estão mais mal-educadas, individualistas e intragáveis? Está mais difícil a vida civilizada ou estou alucinando? Às vezes penso que deve haver algo com a minha percepção de mundo; talvez eu esteja me tornando rigoroso demais, intolerante demais, ficando meio "grumpy" antes do tempo. Em outros momentos, fico com a certeza de que as pessoas andam abusando da boa vontade mesmo, ficando mais folgadas e nos irritando com mais facilidade. Não estou me referindo, aqui, ao "mau humor" nosso, de direito legítimo. Não, isso é normal. Ora, quem não acorda, às vezes, com a pá virada, e fica irritado até com alguém no ônibus só pelo tom de voz que lhe parece insuportável? Ou a roupa, o cabelo, a cara de alguém te irrita por que você está de mau humor? Tem vontade de voar no pescoço de alguém que sequer trocou uma palavra? Isso é normal. Absolutamente normal. É uma questão de paciência, sabe? E acho que vamos perdendo ao longo do tempo. Hoje entendo, mais claramente, por que o Donald Duck foi sempre o meu personagem mais querido e idolatrado da Disney. Ok, eu adorava o Mickey também, mas nem por isso deixava de reconhecer que ele era meio enfadonho e bonzinho demais vez ou outra. Meio boring. O Pato Donald não quer nem saber! Ele até tenta, coitado, se esforça um pouco, mas não consegue, é mais forte que ele: Donald é impaciente com crianças (principalmente seus sobrinhos), quer bater em animais e objetos inanimados, não engole desaforo, tudo que fugir do seu entendimento o tira do sério, não disfarça, não quer agradar (ainda que tente às vezes), não é politicamente correto, não faz média. E principalmente não faz cerimônia na hora de decidir no braço a sua raiva. Os desenhos animados do Pato Donald são sempre os mais hilários de todos e choro de rir até hoje quando me pego vendo algum bom (o que ele, o Mickey e o Pateta são expulsos por não pagar aluguel é de rachar o bico). O Pato Donald é cranky, grumpy, mal humorado e pouco se importa se não está agradando. Ele, simplesmente, não tem paciência.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

THE DARJEELING LIMITED

Tenho ouvido falar deste novo filme, "The Darjeeling Limited" (O Expresso Darjeeling/2007), do Wes Anderson (diretor dos geniais "Excêntricos Tenenbaums" e "Vida marinha"). De tanto "ouvir o galo cantar", aos poucos fui descobrindo do que se trata a história (interessantíssima) e rapidamente se tornou um dos lançamentos que aguardo mais ansiosamente, agora. 3 irmãos numa viagem de trem semi-existencialista pela Índia. A crítica tem sido favorável, reconhecendo-o como um provável clássico cult. O elenco inclui nomes como Adrien Brody, Jason Schwartzman, Owen Wilson, além do indefectível-mais-lost-de-todos Bill Murray em, provalvelmente, algum personagem fascinante. Na produção, encontram-se alguns nomes ligados à Sofia Coppola (Roman Coppola e Milena Canonero, por exemplo). Fotografia rica e colorida, acompanhada de uma trilha sonora interessante (exótica também). Uma espécie de "road-movie", com diálogos inteligentes, comédia na medida certa e a qualidade específica de qualquer filme de Wes Anderson, que mistura com muita competência o bom humor e a melancolia. No lançamento americano (no final de setembro), o longa foi antecedido por "Hotel Chevalier", um curta estrelado por Natalie Portman e Jason Schwarztman (maravilhoso como o rei Luis XVI de Maria Antonieta), espécie de preâmbulo para a história que será contada no filme (este curta, parece, só virá no lançamento em DVD). Topo da lista, meteoricamente, dos filmes que gostaria de ver agora, nesta sexta-feira, mas que ainda não chegaram ou sequer foram produzidos. Ou imaginados.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

TEMPO

Verão.

INACABÁVEL LISTA DE LUGARES PARA SE IR

França.

"VOCÊ VAI PERDER ESTE AVIÃO, BABY..."


Em poucas palavras, "Antes do pôr-do-sol" (Before Sunset/2004) é a continuação perfeita. Não é melhor do que o primeiro filme, "Antes do amanhecer" (nem precisaria ser), mas é a melhor continuação (senão a única) que o clássico de 95 poderia ter. Jesse e Celine se reencontram no Café Shakespeare, em Paris, quase dez anos após a despedida inevitável, na estação de trem em Viena. Não, eles não se reencontraram seis meses depois. E como não haviam trocado telefones, endereços, sequer sobrenomes, perderam-se para sempre. E o tempo, como sempre, seguiu seu caminho e passou. A história de amor transformou-se num best-seller, escrito por Jesse, que numa pequenina coletiva de imprensa no café literário, permite que os dois se vejam novamente. Mas a vida não parou para nenhum dos dois. Certamente. Não são mais jovens inocentes, inebriados pelas múltiplas possibilidades dos vinte e poucos anos, apaixonados pela existência sem barreiras. Tornaram-se adultos convencionais, com problemas de relacionamento e exaustos de vidas medíocres. O reencontro é uma ironia, um golpe, uma punição por terem "perdido o trem", deixado escapar pelos dedos a oportunidade única de uma vida incomum. Os diálogos filosóficos continuam os mesmos, um pouco mais amargurados, com inconformação e cinismo permeando entre as frases e as pequenas provocações que se fazem. Algo permanece intocado: a vontade desesperada de prorrogar um pouco mais a despedida. Jesse tem algumas horas antes de ir embora. Um café que se torna um passeio. Um passeio que imigra para as margens do Sena. Das margens do Sena para a porta de casa. Da porta de casa para um chá e violão. Celine tem uma valsa para mostrar a Jesse (a seqüência final inteira é mágica). Mais um segundo, só mais um segundo, antes de ir embora. A essência do encontro de Jesse e Celine, que não aprenderam a dizer adeus um ao outro. Os olhos dele brilham enquanto tateia cada canto do apartamento de Celine, transbordando da personalidade pela qual ele se apaixononou. Ela dança na cozinha, enquanto imita Nina Simone, seduzindo sem seduzir: "Você vai perder esse avião, baby". Ao que Jesse responde, sem cerimônia: "Eu sei". É que sempre haverá tempo para não se perder mais tempo. Perder-se apenas para se encontrar. Para não se perder nunca mais.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O ADEUS IMPOSSÍVEL

Tardiamente eu encontrei tempo para assistir a "Antes do Amanhecer" (Before Sunrise/1995). Bom, "tempo" não é a palavra ideal, no fim das contas. Eu simplesmente não assisti. Talvez por falta de vontade, oportunidade ou mesmo por não ter sido atraído pelo filme por mais que tanto se falasse sobre ele e sua continuação, "Before Sunset". Lamento por isso. Terrivelmente. Tivesse eu visto em outro momento, digo bem antes, a silenciosa história, contada por Ethan Hawke e Julie Delpy (maravilhosos juntos) teria sido muito mais impactado. Não que a pele tenha ficado mais grossa e o coração mais incrédulo. É que o filme teria me acertado em cheio num momento crucial em que entendi a minha dificuldade em lidar com o adeus, com a despedida, com deixar algo, alguém, para trás. E isso me acompanhou (e acompanha) por toda a vida. Minha angústia mais constante e recorrente. Não aprendi a me despedir, não sei dizer adeus e deixar coisas no caminho é como desprender-me de pedaços que vou sentindo falta quanto mais adiante vou seguindo: amigos, lembranças da infância, momentos mágicos, viagens. Flashbacks perfeitamente editados na minha mente que parecem correr ao som de "I will remember you", da Sarah Mclachlan quando assisto a filmes como este, "Antes do Amanhecer" e tantos, tantos outros ("Encontros e Desencontros" é o expoente máximo disso). Não sei se todas as pessoas são assim. Algumas felizardas provavelmente não, por que não se dão o trabalho de serem "lost", de enxergar a vida por prismas mais coloridos, mais profundos, uma vez que a superficialidade dos dias iguais já basta. Eu, felizmente, sou fundamentado numa "lostness" tão minha, que me impede de seguir a vida sem cronicá-la e faz com que eu sucumba em pensamentos imensamente reflexivos quando assisto a um filme como "Antes do Amanhecer". Não quero dizer aqui que o filme seja algo especial, melhor de todos os tempos ou coisa assim. Não é isso. É a essência, a humanidade. A triste certeza que temos de que nada é eterno, tudo é passagem, é efêmero. A impossibilidade de eternizar tudo aquilo que nos é especial. Mesmo tendo passado algumas poucas horas juntos, o abraço de despedida de Jesse e Celine é desesperado e comovente, como se tivessem vivido uma eternidade juntos e fossem se perder para sempre. Beijos famintos para aproveitar cada segundo, cada último segundo juntos antes do trem que a leva para Paris partir. Só quem viveu um amor à distância sabe sentir esta cena. E eu sei. A trajetória solitária de Jesse, saindo da estação rumo ao aeroporto é filosofia urbana: todos os lugares que, horas antes, haviam sido habitados por eles enquanto construíam as melhores e mais inesquecíveis lembranças, agora vazios enquanto ele passa de ônibus. Por que não há mais ninguém lá, eles tampouco, e a cidade de Viena acorda para mais um dia como outro qualquer. Os dois seguem destinos opostos, solitários. Com o cheiro e a lembrança ainda muito vivos. Estão completamente perdidos na idéia de que viveram um sonho e voltaram à realidade. Viveram um tempo à parte, alheio, só deles. Um olhar à janela traz a meditação de quem se agarra desesperadamente às lembranças ainda frescas. Melancolia que traz lágrimas aos olhos, mas faz sorrir. O coração quebrado em mil pedaços, mas orgulhoso por ter vivido algo tão incomum e extraordinário. Sofrimento inevitável como contrapartida de uma lembrança especial, por que a vida segue seu rumo, como um trem, e nos acolhemos na esperança de reencontros que não aplaca a idéia angustiante de que algo ficou para trás. Algo que talvez nunca mais tenhamos de volta.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

UM ENCONTRO IMPROVÁVEL


Uma zebra nasce destinada a correr as savanas africanas, a não ser que a levem para um zoológico. Um golfinho nasce destinado a viver no mar, a não ser que o levem para algum destes parques aquáticos e o domestiquem. Ou apareçam em filmes (isso vale para os dois). Jamais ambos os animais poderiam se ver, se conhecer. O que significa que golfinhos e zebras nascem e morrem sem nunca saber da existência um do outro. Quantos outros animais não passam pelo mesmo? Fadados a uma existência de ignorância sobre os outros seres da terra (e até sobre si mesmos)? Vi uma notícia de que o parque Six Flags Discovery Kingdom, na Inglaterra, decidiu apresentar uma zebra a um golfinho, rompendo com este ciclo de desconhecimento, vencendo o encontro que seria impossível na antureza. A zebra Grants, 8 meses de idade, teve o privilégio de "cumprimentar" Brandy, um golfinho no aquário do zoológico (segundo reportagem do Portal Terra de 25 de outubro de 2007). Isso me deixou tremendamente reflexivo... elefantes que nunca vão conhecer baleias e tantos outros encontros impossíveis... é curioso como é "lost in translation" o mundo e a existência dos animais. Que língua eles falam? Que pensamentos passam pelas suas cabeças? A única coisa que sei é que este golfinho está maravilhado com seu encontro improvável. O sorriso é um idioma universal.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007