quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A CONQUISTA DO MUNDO

NAPOLEON EMPEREUR. É o que diz uma moeda muito antiga que encontrei na casa de um tio-avô, colecionador compulsivo de arte, que havia falecido. A minha vó me autorizou a escolher algo, no meio daquele monte de coisas espalhadas que iriam ser empacotadas, vendidas, guardadas. Aquela moeda me bastava. "Imperador Napoleão". Napoleão I, da França. Napoleão Bonaparte (1769/1821), imigrante, sonhador, estudante, idealista, general, imperador, legislador, arquiteto, gênio, tirano, mito. Pelo que sei, o segundo homem mais estudado e biografado depois de Jesus Cristo (se bobear o Hitler deve vir logo em terceiro, mas por motivos muito, muito diferentes...). Carisma, poder, fascínio, reinvenção dos impérios sob a bandeira tricolor francesa. Igualdade, Liberdade e Fraternidade, sons de uma revolução reinventada por ele para calçar a via que desenhava com as próprias mãos sobre uma Europa cada vez mais francesa (e como os romanos, deixou marcas que perduram até os dias de hoje). Conta a história que mesmo jovem costumava comandar guerras de bolas de neve (não me importa muito o quão histórico é esse dado, mas acho maravilhosa a idéia do pequeno-futuro-imperador sobre um pequenino monte de neve, dedo em riste apontando uma ordem de carga de bolas de neve, enquanto outra mão descansa calmamente sobre a barriga, por debaixo de botões desabotoados na camisa). Discurso em cima de um camelo diante de pirâmides no Egito, conquistas triunfais nos alpes, um colar apaixonado a uma futura imperatriz que em simples reflexão propunha o seu entendimento da vida e do futuro a seguir: "Ao Destino". Napoleão não foi "mais um tentando conquistar o mundo". Por que, se pararmos para pensar, ele o fez, como a Coca-cola e o Windows. Bonaparte se transformou em mito, símbolo, produto, objeto de consumo, desejo e estudo. Livros, miniaturas, tabuleiros de xadrez, copos, canecas, pratos, jóias, tudo se faz de sua imagem emblemática: o pequenino homem (nem tão pequeno como se pensa graças a uma confusão de medidas), com seus chapéu e capa gris inconfundíveis e uma mão característica dentro do colete para aplacar dores de estômago: a marca registrada do homem que partia em posse do globo. Seus marechais eram chamados de "apóstolos" e seu descanso eterno, o imperial túmulo em Les Invalides, em Paris, é um convite à demonstração de respeito, mesmo após sua morte. Conta-se que o visitante que desejar contemplar o seu sarcófago deve se curvar como se cumprimentando o famoso imperador francês (fato ou lenda, é uma informação deliciosa). Não conheço Paris, ainda, mas se me derem 30 minutos que sejam na cidade, Les Invalides seria meu destino único e certeiro. E, sim, eu também me curvaria ao Napoleão eterno, sem nenhum pudor de lhe fazer reverência, admirando o seu descanso contemplativo a respeito de um continente e um mundo que, até hoje, respiram sua imagem.

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