terça-feira, 18 de março de 2008

FAMÍLIA


"Lar é onde está o coração", dizem. Concordo. E nem sempre é onde a família está. Lar e família em lugares diferentes. Quase sempre é assim. Aliás, é melhor e saudável, até, que seja assim, já que deixamos a família para seguir um caminho próprio, achar companhia, e assim fundar uma nova família. Isso confirma a idéia de que "lar é onde está o coração". A família fica para trás, como um evento natural de amadurecimento. Mas permanece, intocada, num lugar do qual não pode ser removida: berço original, fábrica da nossa personalidade, pátria de onde nascemos para ganhar o mundo. Um lugar onde não ficamos sozinhos, de pessoas com quem podemos contar a grande parte do tempo. Laços de sangue e destino que acompanham a nossa jornada solitária na terra e amenizam a sufocante solidão do caminho. Família é a certeza na pedra de que não estamos tão sós quanto imaginamos. Assim, se "lar é onde está o coração", família é a terra natal, lugar indiscutível das nossas origens, de onde tivemos cunhados o caráter e a moral, nossa educação e preparação para a vida. Família é uma instituição falha e problemática, não há a menor dúvida. Mas por mais complexos que sejam a sua constituição, sistema e política ela é NOSSA, como bandeira, cultura e idioma do país de que viemos. Família pode ser dor de cabeça, pode ter intrigas, mágoas, mas é onde encontramos lembrança, memória, referência, espelho do que somos, do que nos tornamos. Família é quem nos ama apesar dos nossos defeitos e enxerga a melhor essência das nossas qualidades. É onde somos verdadeiramente queridos por aquilo que somos. Família, a nossa família, será eternamente uma ilha perdida-achada, o porto-seguro das nossas inseguranças, onde seremos eternamente "o número 1". Então refaço o meu pensamento original. Se "lar é onde está o coração", família é onde ocupamos o primeiro lugar.

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