terça-feira, 19 de agosto de 2008

MÚSICA PARA TRANSCENDER O UNIVERSO


"Across the universe", celebrado filme cult de Julie Taymor, pode ser guardado com os melhores CDs da estante ou, mesmo, pendurado na parede, como arte. Arte pop, psicodélica e absolutamente clássica. A história, simples e sem rodeios, fala de um rapaz britânico pobre chamado Jude, que parte para os Estados Unidos em busca de enterrar (ou desenterrar) fantasmas do passado. No percurso, conhece Lucy, por quem se apaixona perdidamente, e se vê no meio de um país em ebulição social e cultural: final dos anos 60, começo dos anos 70. O país se encontra consumido nas lutas pela igualdade racial e o pacifismo pelo fim da guerra do Vietnã. Os hippies estão lá, pregando o amor livre, a psicodelia, as viagens astrais e os alucinógenos enquanto são tolhidos pelo estado repressor, com a polícia nas ruas, contendo a desesperada busca pela liberdade. Esse é o cenário (em si rico e repleto de detalhes) que conta uma história de amor. O trunfo desse raro filme, porém, é que ele praticamente é inteiro narrado por mais de 30 músicas inesquecíveis dos Beatles. Canções eternas, que não pertencem a nenhum tempo ou geração, pelo contrário: pertencem ao próprio tempo, ao espaço, à atemporalidade e por isso são perfeitas para contar a história de um filme que se propõe "cruzar o universo". Poucas expressões humanas são capazes de atravessar o universo e a música dos Beatles, definitivamente, consegue. São músicas dos nossos pais, certamente, mas que nos pegamos cantarolando intuitiva e espontaneamente ao percebê-las no filme. Músicas que conhecemos sem saber que conhecíamos e que nos surpreendem, tocando o corpo, a alma e o coração, em sintonia com imagens que parecem ora recortadas, ora filmadas, ora pintadas, numa explosão sem par de originalidade. Esse é um filme único, portador de uma mensagem que os próprios Beatles já nos pregaram há tanto tempo e que será sempre uma verdade inquestionável: é só do amor que precisamos. . .

Música que atravessa o universo, sem a menor dúvida.

Nenhum comentário: