quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

APENAS UMA VEZ

Que prazer ser surpreendido por um filme tão maravilhoso quanto "Once" (Apenas uma vez). O título faz justiça ao filme que é um daqueles que aparecem "uma vez". É raro, precioso, delicado, poético, sensível. Um encanto aos olhos, aos ouvidos, ao coração, à alma. Não faz rodeios, não enrola, não faz firula, não inventa, não impõe nada. É apenas uma história simples, de pessoas comuns, que dividem juntas um momento mágico. E que, como todos, passa. Como tudo na vida. "Once" é um filme sobre música, é verdade, mas é um filme sobre a vida, a efemeridade dos momentos, a passagem dos eventos e das pessoas que conhecemos e que se vão, sem deixar de nos transformar para sempre. Não é uma história de começo, meio e fim. É um pedaço. É um trecho, uma memória rápida que guardamos no peito e que nos faz sorrir, quando nos pegamos contemplando janelas. É um conto, de amizade e amor, de pessoas que decidem fazer algo mais além da possibilidade de aproveitar um encontro como amantes. Os personagens anônimos do filme nos tocam com delicadeza, ativam nossa humanidade e nos identificamos imediatamente com a pureza e doçura que ainda existe num mundo tão cheio de caos. Sentimos carinho por tudo que há ali: a ótima trilha sonora, os personagens, a atmosfera. Sentimos saudade quando tudo termina e o desejo de sabermos um pouco mais sobre aqueles estranhos, tão encantadores, que estão seguindo com as suas vidas. É um filme raro, que fica, uma vez - e para sempre.

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