segunda-feira, 19 de outubro de 2009

UM FILME SOBRE ELE, UM LIVRO SOBRE ELA


O livro "A mulher do viajante do tempo", bestseller de Audrey Niffenegger, é uma das histórias que mais me encantaram nos últimos tempos. Um romance inesquecível sobre uma mulher, Claire, que se casa com o amor de sua vida, Henry, um homem marcado por um raro disturbio genético que o obriga a viajar no tempo contra a sua vontade. Os dois se conhecem quando Claire é apenas uma menina e Henry surge magicamente numa pradaria onde ela brincava. A partir daí, encontros esporádicos ao longo de anos nos quais Claire espera ansiosamente pelo dia que encontrará Henry num tempo partilhado por ambos. O filme, dirigido por Robert Schwentke, e que, para o meu desespero, foi batizado no Brasil como "Te amarei para sempre" (quem escolhe esses títulos?!) não é uma adaptação ruim mas, definitivamente, não está à altura do livro. E por razões bem específicas. A primeira delas, como diz no próprio livro, "esta é uma história sobre saudade" e o filme não consegue comunicar isso. A segunda, é que o filme é sobre ele, Henry, quando, na verdade, essa história é sobre ela, Claire. A solidão de Claire, seu martírio, seu sofrimento em esperar por um marido que surge e desaparece como num pesadelo. Suas refeições sozinha, Natal, ano novo, sempre solitária. O desespero de não saber quando seu marido irá sumir e quando irá reaparecer. E em que estado. O filme distorce isso, com certa banalidade, talvez para converter essa história complexa em algo mais palatável ao grande público. Um outro aspecto muito presente no livro é o intenso erotismo partilhado por Henry e Claire que, simplesmente, não conseguem se largar de tão apaixonados. O filme nos mostra um casal apaixonado, claro, mas sem grande intensidade física, sexual. Inevitavelmente, algumas passagens belíssimas do livro não foram levadas à tela. Mas isso é normal, uma vez que seria impossível colocar tudo em 2 horas. Estrelam Eric Bana (Henry) e Rachel McAdams (Claire) que, na verdade, estão muito bem no papel, mas mereciam um roteiro melhor. Uma adaptação mais apaixonada daria um filme de arrasar. Mas, na minha opinião, o maior crime possível foi a criação de um final diferente do livro que, obviamente, não irei contar aqui. O que posso dizer é que, no livro, o final é de fazer soluçar de tão belo e comovente. No filme, porém, o final é extremamente ameno e banal, com ar de final feliz. Não que o final original seja triste, pelo contrário! É imensamente poético e tocante. Não consigo entender porque os roteiristas não seguiram o final de Niffenegger. Espero que na edição em DVD haja a opção "final alternativo", fiel ao livro. Apesar de não ser um filme ruim - na verdade é um ótimo filme - recomendo a leitura do livro que é imperdível. Com o livro, viajamos no tempo, com Henry e Claire. Partilhamos de sua dor e de seu amor. Com o filme, infelizmente, só vamos até a esquina. É uma pena.

Um comentário:

Lilian disse...

maravilhoso seu comentario deste filme.
Mais um para minha lista.