terça-feira, 2 de março de 2010

PASSAPORTE PARA A IDADE MÉDIA

"Azincourt", novo romance de Bernard Cornwell, é simplesmente um livro impossível de largar. Em resumo, oferece um passaporte para a Inglaterra medieval, durante os turbulentos tempos da Guerra dos 100 Anos. O livro é entitulado a partir da famosa Batalha de Agincourt, travada em 25 de outubro de 1415, Dia de São Crispim, quando algumas dezenas de bravos soldados ingleses, exaustos e doentes, conseguiram derrotar o vasto exército francês. O grande trunfo dos ingleses eram os seus arqueiros de arcos longos, a arma mais temida da Idade Média. A passagem histórica foi imortalizada por Shakespeare, em sua peça "Henrique V" (minha predileta) e que foi levada ao cinema por Kenneth Branagh e Laurence Olivier."Azincourt" é protagonizado pelo jovem e intrépido arqueiro Nicholas Hook que, pelas idas e vindas do destino, acaba ingressando nas fileiras do exército do jovem Henrique V a caminho de Harfleur, cidade costeira a ser tomada antes da grande marcha pela conquista da França. O texto é leve, rápido, fluido, orgânico, como se nós mesmos estivéssemos ali, testemunhando toda a beleza, a bravura e a brutalidade daqueles anos escuros da história europeia. Quando me debruço sobre "Azincourt", é como se castelos se erguessem ao meu redor, cercados por bosques em névoa. Percebo pequenos riachos e conversas em tavernas. Sinto como se fosse transportado para os campos de batalha, com flechas voando em todas as direções, cavalos a galope, cavaleiros em combate e fogo, gritos, pólvora e sangue por todos os cantos. E consigo ouvir o jovem Henrique gritar "por Deus, Henrique e São Jorge!", antes de investir novamente na brecha em Harfleur. É uma jornada imersiva ao medievalismo que nenhum aficionado ao tema pode se privar de experimentar. A escrita de Cornwell é de um poder quase místico e este livro é obrigatório para qualquer pessoa que se interesse por romances de fundo histórico. Lamento cada página virada, enquanto vejo o livro definhar sob meus dedos ávidos em saber o que será do jovem arqueiro que, sozinho, parece ajudar a desenhar a história de um país inteiro. Imperdível.

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