sábado, 28 de janeiro de 2012

"AS PALAVRAS PREVALECERÃO"

E se o maior autor da língua inglesa, pai das mais belas peças já escritas pelo homem, fosse - em verdade - uma fraude? Eis a trama de "Anonymous" (Anônimo), filme de Roland Emmerich e estrelado por Rhys Ifans e Vanessa Redgrave. Na Inglaterra elizabetana, a corte é um emaranhado de intrigas políticas, ambição e manobras sucessórias. No epicentro da corte está Eduardo, conde de Oxford, vivido com muita competência por Rhys Ifans. Devoto súdito de Elizabeth II, Oxford se desdobra em proteger sua rainha e se dedicar à maior paixão de sua vida: escrever peças, sonetos e poemas. Como não pode se expôr publicamente como autor, Oxford constrói um estratagema para levar suas peças ao público, com a ajuda de um autor fracassado. E, num acaso do destino, esse plano é atropelado pelo ator William Shakespear, notoriamente iletrado e ignorante, mas que acaba sendo identificado como o pai de preciosidades como "Henrique V", "Hamlet" e "Macbeth".
Rhys Ifans vive o conde de Oxford. Seria ele o pai das mais belas palavras da língua inglesa?

Há, sem dúvidas, um exercício histórico absurdo, mas que é articulado com muito cuidado pelo roteiro e a direção ao ponto de nos fazer coçar a cabeça. O uso do teatro como arma de mobilização é percebido desde cedo pelos nobres, o que dá um ar de verosimilhança para as estratégias de Eduardo, conde de Oxford. Por fim, é um filme interessante e que, durante suas duas horas, oferece um punhado de deliciosas reflexões. Imperdível para os entusiastas do bardo. 

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