domingo, 5 de maio de 2013

"NÓS ACEITAMOS O AMOR QUE ACREDITAMOS MERECER"

Então, de repente, eu esbarro num filme sobre o qual eu não depositava muitas expectativas. Longe disso, para falar a verdade.

Foi assim com "The perks of being a wallflower". Eu achava que era um filme qualquer, sobre a dor de ser um adolescente. E, de certa forma, é sobre isso que este filme pretende falar. Mas, ao longo da sequência de eventos que vão se desenrolando na tela, descobrimos uma série de novas camadas e, a medida que vamos cavando mais fundo, o filme vai nos mostrando novos tons e reflexões que acabam remetendo não apenas ao sofrimento de ser jovem, mas à complexidade de existir, pura e simplesmente.

O elenco principal, um quase triângulo amoroso formado por Ezra Miller (de "Kevin"), Emma Watson e Logan Lerman (precisamos ficar de olho neste menino!!), está no centro de uma série de reflexões fundamentadas no limbo de ser velho demais para algumas coisas e jovem demais para outras. 

Emma Watson e Ezra Miller estão ótimos como dois "irmãos perdidos". Mas é em Logan Lerman que precisamos prestar atenção. Este rapaz irá longe...

Charlie (Lerman) está no seu primeiro dia no colegial e acaba encontrando nos meio-irmãos (e veteranos) Patrick (Miller) e Sam (Watson) seus primeiros grandes amigos. Sabemos que Charlie ainda está se recuperando de um grande trauma e a sua fragilidade é evidente; um menino silencioso, sensível e que simplesmente sobrevive cada novo dia.

Juntos, estes amigos vão descobrindo experiências juvenis que se desenrolam ao redor de drogas, bebida, a descoberta da sexualidade e, simplesmente, a completa falta de ideia do que se fazer com a vida, até entendermos, nos instantes finais, a essência da perdição de Charlie, de sua fragilidade e sensibilidade e a razão pela qual esse aspirante a escritor caminha sobre o abismo...

Não há muito o que contar sobre "The perks of being a wallflower", esta história sobre os garotos e garotas menos populares da escola sem correr o risco de estragar as surpresas. Os excluídos, os invisíveis, os irrelevantes, sob a sombra dos garotos e garotas "legais".

O que posso dizer é que este é um filme sensível, muito bonito e bem feito (e com uma trilha sonora perfeita), onde há uma poética reflexão sobre a complexa tarefa de ser, de se encontrar um lugar mas, basicamente, de se descobrir para onde se está indo. 

Ao final, é o somatório de lembranças que nos forma, que nos transforma em alguma coisa e, ao documentarmos a passagem do nosso tempo, vamos percebendo - meio sem perceber - que também estamos trilhando um caminho e fazendo escolhas. A ordem natural das coisas.

Uma história sobre a difícil tarefa de ser jovem...

Porque sim, nós somos este somatório de lembranças. Sim, nós fomos um dia os jovens de 16 anos que eventualmente se tornaram pais e mães de alguém. Mas, ao mesmo tempo, nós também podemos "ser  infinitos".

E heróis.

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