sábado, 1 de junho de 2013

A VIDA APÓS O DIVÓRCIO

"Meu Deus, onde fica o fim do poço", pergunta-se Amy em um de seus tantos momentos de melancolia quase abissal, "onde é o fundo?". "Hello I must be going", estrelado por Melanie Lynskey, é um filme pequenino, adorável, e que flerta com o drama e a comédia em doses equilibradas. 

Sustentado por uma fotografia bonita e uma linda trilha sonora bem indie (e que inevitavelmente dá o tom da história), o filme narra a história de Amy (Lynskey) que está há meses em depressão profunda, sem conseguir sair de casa, após o seu marido encerrar o casamento e o seu projeto de vida junto com ele.

Usando uma mesma camiseta surrada e assistindo a filmes antigos o dia inteiro, Amy não tem ideia do que fazer da sua vida. Morando com os pais, equilibra uma relação saudável (e distante) com seu pai e outra extremamente nociva e quase venenosa com a sua mãe. E sofre, o tempo todo, com as cobranças constantes - e às vezes veladas - para que ela faça algo com a sua vida. 
Reinventar a própria vida é algo sempre difícil e assustador...

Isso é o ponto de partida para todo o tipo de situação social que envolve desde sugestões de carreira e encontros às cegas. Imposições que Amy precisa engolir por não saber ela mesma o que fazer. E, talvez aí mesmo, o epicentro do seu sofrimento. 

Inevitavelmente, Amy acaba conhecendo Jeremy, um rapaz de 19 anos com quem ela acaba tendo um caso extremamente carnal. Curiosamente, este encontro afetivo acaba sendo o seu "anti-depressivo", e as pessoas ao seu redor começam a notar que ela está mudando; alguns velhos hábitos ficando para trás e até mesmo a academia passa a ser uma atividade na vida de Amy.

Mas ela mesma sabe que não há futuro neste relacionamento com o jovem rapaz. No fundo, lá no fundo, ela queria a sua vida de volta. Seu marido, seu apartamento, sua vida "resolvida", como assim ela entendia. Seu projeto, que foi roubado, como "um tapete escorregado sob os seus pés", lançando-a num abismo do qual ela não consegue emergir.
...mas haverá sempre um prazer genuinamente libertador em fazê-lo...

Ao mesmo tempo, Amy vai dando pequenos passos que, ainda que não lhe tragam soluções, mostram que há sempre esperança, que há sempre alguma saída, alguma resolução, desde que não se fique parado; que se caminhe em alguma direção.

E é isso, exatamente, o que ela faz.

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