domingo, 30 de agosto de 2015

PARA VER E OUVIR: THE PAPER KITES ("FEATHERSTONE")

O QUE EU VEJO EM VOCÊ


"O que você vê em mim?", você me perguntou numa manhã qualquer, destas em que a gente fica na cama, inventando motivo para não levantar; a cortina dançando preguiçosa na janela, poucos barulhos, um carro passando longe, algum vizinho conversando ao telefone. Aquele vento inesperado que causa arrepio.

E nós dois, ali, entrelaçados no meio dos lençóis, abraçados como se tivéssemos mais de  um par de braços e pernas, cada um. Aquele nosso jeito, agarrados, pensando bobagem, jogando conversa fora.

O que eu vejo em você, o que vi em você... a pergunta me causa um sorriso; de desejo e nostalgia.

Eu te conheci como quem conhece alguém num filme. Numa festa de cobertura, destas em que a gente foge do som para conversar, palavras e flertes com cheiro de álcool, toques tímidos, a gente se beijando tendo as luzes da cidade insone como moldura.

Uma coisa meio etérea, uma cena que parecia irreal. O seu cabelo negro, comprido, ondulado no vento como tentáculos, asas, medusa. O perfume na roupa florida, o cheiro da pele de uma completa estranha; eu, que não conseguia parar de te olhar. Voltando a ser adolescente. Mãos na sua cintura, frio na barriga. É assim que você me deixa, ainda hoje; desarmado, amando.

Eu vejo a mulher mais linda do mundo em você, amada; pura e simplesmente. O seu caminhar de gato, quando sobe na cama. O seu jeito de falar com os olhos, suas manias de criança, a forma feminina como você amarra o seu cabelo, o toque delicado, o humor perigosamente ácido.

Você me explicando o porquê de brigadeiro não engordar...
Você dizendo que seu nome era "Candy", quando a mulher nos interrompeu para fazer uma pesquisa.

O jeito que você olha o céu, da janela, sem me deixar entrar no mundo privado que você constrói.
A forma como você conversa com pessoas idosas.

Quando você canta para mim. Ou quando te vejo cantar sem você saber.
O seu olhar.

Você me puxando feito doida, pela 7a avenida, para irmos comer um sanduíche de rosbife no Roy Rogers. "Breakfast burrito", você sussurrou com a boca cheia, na manhã seguinte, naquele motel de beira de estrada; uma de tantas aventuras que você me proporcionou desde que invadiu a minha vida pacata, feito furacão.

"Hoje nós vivemos um dia a menos", você gosta de falar esse tipo de coisa, "por mais incrível que tenha sido". E eu te olho, sem nunca saber se você está brincando, falando sério, ou um meio de caminho que me deixa sempre sem resposta.

A mesa de vidro que se quebrou em mil pedaços sob seu corpo pequenino. O sangue, as cicatrizes, eu sei, eu sei...

A sua fragilidade devastadora, revelada pelo porre homérico de Hennessy que nós tomamos no dia em que o seu pai morreu. Você ali, se desfazendo nos meus braços e eu sem saber como te colar de volta, como te refazer. Chorando com você, vendo o dia amarelar diante dos nossos olhos vermelhos.

Eu vejo em você um enigma que me delicia decifrar; uma pergunta com resposta evidente (e uma escondida, a certa). As surpresas que você me proporciona; o fato de você me fazer ser um homem melhor. Não só isso, você não fazer muito caso dos meus erros e defeitos catastróficos.

"O que VOCÊ vê em mim?", dá vontade de te perguntar.

É tanta coisa que eu vejo em você...

Sua tentativa (frustrada) de fazer granola em casa, ou seus consertos domésticos. Suas alergias esquisitas e os beijos roubados. A maneira como você fica envergonhada, de forma inesperada e repentina.

As camisas esquisitas que você me compra e eu me obrigo a usar. A maneira como você me abraça todas as vezes em que andamos de mãos dadas. O seu medo, desesperado, diante da vida que começava a crescer dentro de você. Quando você chora com filme. A forma como você apoia a sua cabeça no meu ombro ou como você coça os olhos.

O que eu sinto, quando meu corpo está ligado ao seu, misturado ao seu, dentro do seu. Seu toque, as unhas que machucam, a boca que morde e fala bobagem. Seu suor, respiração, a visão do seu quadril encaixado ao meu, recheado de sinais, de segredos. A pele branca, os seios pequenos, sua voz.

Eu vejo em você uma criatura estranha, adorável, apaixonante. Uma mulher incrível, que eu nunca nem sonhava conhecer. A minha metade imperfeita. Minha companheira de viagens, reais e imaginárias; ébrias e sóbrias. Minha amiga, minha amante. O pedaço que me faltava.

São coisas assim.

Meu futuro.

É o que eu vejo em você.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

FILMINHO PARA GATOS



Um filminho recheado de todos os elementos visuais e sonoros do mundo dos gatos. Mostre para o seu e veja a reação; eu confesso que viajei na musiquinha e vi até o final. Deve ser da minha alma de gato ou a capacidade de sair voando nos meus pensamentos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A CENA DELETADA DE FRIENDS



Uma cena de FRIENDS (deletada por conta dos atentados de 11 de setembro), foi divulgada alguns anos atrás (eu não sabia) e viralizou recentemente.

Nela, Chandler - como sempre - brinca sobre bombas no aeroporto em plena viagem de lua de mel e as coisas vão ladeira abaixo. Ver algo inédito de FRIENDS, depois de tanto tempo, é simplesmente genial... dá para entender, claro, a razão de os produtores terem deletado e, como eles mesmos dizem, aproveitas a cena hoje em dia pelo que ela era originalmente.

Um detalhe: Chandler continua hilário, mesmo tantos anos depois.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

PARA VER E OUVIR: "GOOD ENOUGH" (JUSSIE SMOLETT) - EMPIRE OST



Há muito tempo não via uma trilha sonora tão boa...

PARA VER E OUVIR: "WHAT IS LOVE" (V BOZEMAN) - EMPIRE OST

PARA VER E OUVIR: "LIVE IN THE MOMENT" - EMPIRE OST

REI LEAR E DOM CORLEONE AO SOM DE MÚSICA BLACK


Basicamente, isso define o seriado "Empire", a história de um magnata da música negra que descobre estar sofrendo de uma doença degenerativa sem cura e que precisa achar um verdadeiro sucessor para o seu 'império'. R&B e RAP da melhor qualidade (trilha assinada por Timbaland), elenco talentoso e uma estranha (e funcional!) combinação de Rei Lear + O Poderoso Chefão.

Vi tudo em dois dias.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

GIFS DA DEPRESSÃO

Porque eu uso óculos escuros...


GIFS DA DEPRESSÃO

Toda vez que eu saio de casa...


GIFS DA DEPRESSÃO

Alguém elogia algo que eu fiz...


Eu por fora...


Eu por dentro...

GIFS DA DEPRESSÃO


Eu tentando tomar o controle da minha vida

GIFS DA DEPRESSÃO


Lembro de algo importante que eu esqueci de fazer bem na hora de dormir...

ILUSTRANDO


Autorretrato de Rebeca Cygnus

PARA VER E OUVIR: BEDROOM ("WORK THIS OUT")

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

EU TAMBÉM QUERO SABER


Megan Abell, uma fotógrafa da Virgínia (EUA), achou um punhado de negativos misteriosos, quando fazia compras num brechó. Ao observar com calma, notou que se tratava de slides com mulheres caminhando na praia, entrando no mar. E ela ficou determinada a encontrar quem tirou essas fotos e quem são essas mulheres. Eu também quero saber.

Original via Buzzfeed.



terça-feira, 4 de agosto de 2015

O AMOR NO MUNDO MODERNO



Um curta de 15 minutos, no qual pessoas discutem o que é amar nos dias de hoje. Tudo feito a partir do filme "Ela", de Spike Jonze - que apresentou a alguns amigos antes do lançamento oficial. Imperdível. Faz pensar.

domingo, 2 de agosto de 2015

A VIAGEM DA DONZELA


"Maidentrip" é nome que se dá à viagem inaugural de um barco. Esse também é o título de um documentário precioso sobre Laura Dekker, uma menina holandesa que, aos 14 anos, zarpou por uma viagem (sozinha) ao redor do mundo; o filme é inteiramente narrado pela perspectiva de Laura - que filmou tudo de forma amadora, ao longo de quase 600 dias no mar. 

Inspirador, comovente, leve, delicado; duas horas de poesia, solidão e reflexões de uma criança que, ao desembarcar em Saint Barths, descobre-se uma mulher. 

Achei por acidente no Netflix - e foi como ganhar um presente.