Sentaram-se sob a sombra de uma árvore, um de frente para o outro, enamorados, cercados por aquele clima incerto; meio calor, meio chuva, meio vento, meio frio. Dividiam um sorvete vermelho, com bocas que se encontravam no caminho e se provavam, geladas, desejosas, rindo sem motivo.
Ficaram ali, por um tempo breve, sem dizer muita coisa, olhando-se, sorrindo. Uma pequena gota, mais audaciosa, começou a descer pela mão dela. Ele então passou a língua com cuidado no caminho traçado, vermelho, quase chegando no seu pulso.
Olhavam-se, suspiravam, conspiravam.
Ela enrolou os braços no seu pescoço, ele escondeu as duas mãos nas suas pernas, sentindo a pele morna, arrepiada, escondida sob o pano delicado da sua saia. Procurou o meio das suas pernas, facilmente ao alcance das pontas dos seus dedos.
Ela deu um suspiro curto, de surpresa.
"Meus dedos sentem frio", ele disse, sentindo a umidade da sua amada e escondendo o seu rosto naquela selva castanha, que cobriu e envolveu a sua cabeça como um véu. Sentia o seu cheiro, a sua respiração, trocaram beijos com gosto de sorvete vermelho, lábios que se mordiam e se entrelaçavam. Querendo mais; bem mais do que poderiam se permitir fazer ali.
Enlaçaram as mãos de namorados no caminho para o carro, enquanto os primeiros pingos de uma chuva tímida começavam a cair.
"Eu acho que eu amo você".
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