terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O QUE ACONTECE EM ELIZABETHTOWN?


Alguns filmes precisam de ar... "Elizabethtown" é um deles.

Trilha sonora especial para este post:


Há mais ou menos 10 anos (!), eu fui ao cinema ver este filme. A minha vida, a minha cabeça, o meu entendimento das coisas era bem diferente do que é hoje. E eu me apaixonei perdidamente por esta linda história, por este filme marcante que hoje, tantos anos depois, ainda paro para pensar quando o vejo aleatoriamente. A verdade é que "Elizabethtown" mexe comigo, digam o que quiserem, e acho que mexerá para sempre.


Esse é um daqueles filmes que poucas pessoas viram; ou as que viram não deram muita bola. Kirsten Dunst e Orlando Bloom interpretam dois completos desconhecidos, o perdido Drew e a misteriosa Claire, que se esbarram num voo qualquer para o Kentucky. Drew está indo enterrar o seu pai, Claire é a sua aeromoça, no avião mais vazio da história. "Obrigada por manter os nossos empregos", ela diz.

Deste encontro sem propósito nasce uma faísca, de um estranho (e talvez assustador) apaixonamento. Drew parece incapaz de estar vivo, neste exato momento de sua vida; Claire (apesar de não admitir abertamente), tem medo de sofrer na sua eterna condição de "pessoa substituta". "Eu sou impossível de esquecer e difícil de ser lembrada".


Drew chega a Elizabethtown para reencontrar uma família que ele nunca entendeu ser sua (a do seu pai), num interior dos Estados Unidos marcado por pessoas barulhentas, amáveis, comida gordurosa e hospitalidade sulista. Mais que isso, Drew chega a Elizabethtown para, na morte, reencontrar seu pai - o que rende uma das cenas mais emocionantes que eu já vi, que é a roadtrip que ele faz em companhia das cinzas do seu pai e ao som de uma trilha sonora criada por Claire. A viagem é pura alma, redenção, despedida. E quando Drew finalmente entende isso, meu coração se parte em mil pedaços junto com o dele.

Até hoje.


É uma comédia romântica; não é o filme mais inteligente nem importante do mundo. E talvez ele não signifique nada para você. Mas significa muito para mim. Não vejo mais este filme com os olhos que eu via, anos atrás, mas isso não faz desta história menos importante para mim. Ainda me entrego na trilha sonora (magistral) escolhida pelo diretor Cameron Crowe; ainda me sinto como se navegasse em câmera lenta por esta cidade enfiada no meio do nada - onde nada parece acontecer - ainda me derreto inteiramente por Claire, com suas fotografias mentais, seu sorriso triste, o encanto e o mistério que se escondem por traz dos seus olhos.


Ainda sinto o nó (menor, é verdade) se enroscando na garganta, enquanto percebo a umidade tímida se desenhando nos cantos dos olhos. Talvez nada aconteça em Elizabethtown; o oposto, admito, do que acontece comigo. Em mim. Através de mim. 


E enquanto os créditos sobem, mais uma vez, só resta a saudade; e uma vontade inesperada de descer para a chuva, e dançar com uma mão para o alto. Então subo num palco imaginário, cercado por ninguém. Pego o microfone com uma mão tímida e digo para esse filme, para este lindo filme:

'Eu gosto de você'.

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